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Racismo estrutural afeta ascensão de negros na indústria do frio

O conjunto de práticas institucionais, históricas e culturais que privilegia determinados grupos sociais ou étnicos em detrimento de outros afeta diretamente a ascensão de negros no mercado de trabalho brasileiro, inclusive na indústria de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração (HVAC-R, na sigla em inglês).

O setor, porém, está quebrando paradigmas em relação ao chamado racismo estrutural. A avaliação é do gerente nacional de serviços e treinamento da Johnson Controls-Hitachi, Gilsomar da Silva.

Gilsomar da Silva, gerente nacional de serviços e treinamento da Johnson Controls-Hitachi, durante o 1º Fórum de Diversidade no Setor de AVAC-R | Foto: Nando Costa/Pauta Fotográfica

Segundo ele, a questão da diversidade racial e de gênero entrou de vez na agenda das grandes corporações, que têm colocado em prática diversos programas de inclusão de minorias, abrangendo também imigrantes e pessoas com deficiência.

“Vejo isso como algo muito positivo, pois está acontecendo mundialmente”, disse o gestor, durante o 1º Fórum de Diversidade no Setor de AVAC-R, videoconferência promovida no fim de outubro pelo Sindratar-SP e Ashrae Brasil.

“Hoje, as empresas estão mais preocupadas com a diversidade e a inclusão. Estamos fazendo história com ações dessa natureza”, afirmou o engenheiro, ao defender a política de cotas para negros no ensino superior como parte da solução desse problema.

Antes contrário às ações afirmativas, o executivo mudou de ideia, com o passar do tempo. Para ele, sem mecanismos e condições desse tipo para as pessoas se desenvolverem, a ascensão dos negros no mercado de trabalho fica mais difícil.

No Brasil, embora 56,1% dos 210 milhões de habitantes se declarem pretos ou pardos, há poucos alunos com esse perfil nas escolas e universidades, “mostrando que o sistema [de ensino]atualmente está errado”, salientou o profissional, lembrando que, ao longo da carreira de mais de 25 anos no setor, enfrentou muitas situações constrangedoras no trabalho, em função do racismo estrutural existente no País.

Numa empresa em que trabalhou por décadas, “escutei que, por ser negro, nunca chegaria a um cargo de liderança”. No fim, acabou se tornando diretor da companhia. “Mas o número de negros em cargos de liderança ainda é pequeno [no setor]”, lamentou.

Segundo o Índice de Igualdade Racial nas Empresas (IIRE), indicador elaborado pela Faculdade Zumbi dos Palmares em parceria com 23 companhias de diversos segmentos econômicos, a participação de negros em diretorias e conselhos de administração no Brasil é de apenas 6,6%.

A presença de pessoas negras nessas empresas aumenta percentualmente em cargos de menor responsabilidade. O percentual sobe para 18,7% nas gerências e chega a 31,6% entre os trainees e aprendizes, revela o relatório.

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